Compartilhar emoções e criar laços é se desarmar e cair de cabeça em uma escuridão.
Nunca quis me isolar muito menos apegar-me a pessoas, detalhes, palavras.
Ignorar tudo isso já não é possível.
Eu deveria impedir que você me libertasse?
Será que te encontraria em qualquer lugar?
Não cometa o mesmo erro que eu.
Porque eu me importaria se eles te magoarem?
De alguma maneira me importa mais do que se estiver magoando a mim mesma.
E eu sangro.
Por ter aberto feridas,
Por não ter sido lúcida,
Por usar do tom ácido ao invés de apenas respirar.
Mas eu sei a diferença entre eu e o meu reflexo.
Existem sinais de reconhecimento?
Habituar-se ao novo parece ser complicado,
Mas será mesmo que existe novo?
Pequenas, mínimas diferenças fazem essa [Im]possível distinção.
O modo frio de lidar com alguém é tão familiar que possui a mesma finalidade: Auto defesa.
O medo nos ronda e nos obriga a abrir mão do que geralmente julgamos ser importante
E embora a incerteza da verdadeira identidade venha à tona,
Teria eu medo de mim mesma?
Medo de quem sou?
Afinal, quem eu sou?
Uma projeção?
Aquele bendito (ou será maldito?) reflexo elaborado.
Com toda certeza uma solução em silêncio.
Mas por quê?
Porque mesmo quando não é a minha intenção ferir eu acabo ferindo?
Hábito?
Talvez.
Só agora percebi que quanto mais firo os que amo mais vou ferindo a mim mesma.
Parar de envenenar tudo e conter os soluços abafados podem cicatrizar aquilo que foi ferido.
Essa atmosfera carregada de significado afeta o interior e induz um interesse mais especial pelo que teoricamente existe, apesar de qualquer sofrimento.
Mas como distinguir o real do reflexo?
Sinto muito.
Estou tão viva e sigo ignorando, mas definitivamente eu me encontro em você.
Olho no espelho e te vejo.
Em breve, eu sei que você verá que também é igual a mim.
Será que o egoísmo de ficarmos à margem de tudo fará com que tudo isso desapareça?
Eu nunca pensei que diria isso, eu nunca pensei que haveria você.
Mas mesmo distantes, mesmo caladas nos encontramos nas profundidades, como as raízes.
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