Sempre
achei interessante a ideia de colecionar coisas. Agrupá-las pela
individualidade do conceito, da simetria. Onde tudo parece ter uma lógica
organizacional, apesar da diversidade de formas, tamanhos e cores. Colecionava um
pouco de tudo. Livros, rochas, bottons, canetas, cartas, moedas, xícaras, isqueiros,
sapatos, pelúcia, flores, fotografias. Coletâneas extraordinárias e cheias de vida,
mas invariavelmente previsíveis.
Não
me entenda mal, eu admiro essa iniciativa. Há beleza na simplicidade. Mas tendemos
a desviar a atenção quando o comum incide em nossos olhos. Cansei das coleções inférteis.
Queria relíquias únicas. Então porque não colecionar sorrisos, sonhos, ideias,
lembranças? Não se vê itens como esses reunidos por aí. Tentei, mas não colhi
bons frutos.
Comecei
pelos sorrisos genuinamente sinceros. Daqueles contagiantes, sabe? Mas eles
eram tão raros que acabei doando os poucos que consegui. Seria
pretensão continuar colecionando-os. Quanto aos sonhos lúcidos, às ideias mudas
e a nostalgia das lembranças; identificar e catalogar todos eles era um trabalho
mais árduo que prazeroso.
Singular
demais pra ser coletivo.
Finalmente,
pedi licença poética pra colecionar pontos. Finais, parágrafos, geométricos,
cardeais. Todos reunidos desafiando a ambiguidade. Mas então as reticências
surgiram. E todo aquele conceito ilimitado não soou conveniente.
Quando
já não havia esperança, decidi colecionar amores. Porque não? Incontáveis padrões
e formas de cultivo. Amor próprio, proibido, platônico. Desses que pulsam e te
fazem querer mais.
Parecia perfeito, inusitado,
original.
Desisti. Impossível colecionar amores. Voláteis
demais.
O que colecionaremos daqui pra frente?
ResponderExcluirFantástico...
ResponderExcluirSua expressão é singela, diferente
ResponderExcluirChama atenção, desperta a mente
Se destaca na multidão.
Faço dessa, uma forma
de mostrar admiração.