Já faz muito tempo desde o dia em que a vi pela última vez. Ela estava sentada num banco com as mãos abraçadas aos joelhos, sua cabeça baixa escondia os belos olhos azuis. “Branca de Neve” é como a chamavam, já que sua pele pálida se condensava ao típico inverno alemão.
Mas o que me intrigava naquela garotinha era mais do que sua cor, seja dos olhos, cabelos, ou pele. Ela era estranhamente incomum: repetia sempre os mesmos gestos e contava os próprios passos, numa tentativa de burlar a ansiedade, talvez. Mas pelo que ela estava esperando? Ou, por quem?
Todas as outras crianças brincavam enquanto ela permanecia lá: sentada no banco com as mãos abraçadas aos joelhos. Os dias passaram, o inverno acabou e a Branca de Neve se manteve fiel ao seu ciclo de expectativa. Até que em uma tarde, dessas sem cor, eu me atrevi a falar com ela.
Monossílabas, foi tudo o que eu consegui arrancar da menininha, exceto por uma frase. Aquela foi a única vez que a encarei de verdade. Não havia brilho em seus olhos, nem pureza na sua voz. Talvez fosse só indiferença, mas suas palavras soaram como se acabassem de abandonar a vida:
“Órfã?! Sou sim, só que de pais vivos”.
E depois daquele dia nunca mais voltei a vê-la.
passando por aqui.
ResponderExcluirwow ... o_o
ResponderExcluirMe lembrou Liesel, A menina que roubava livros.
*-*
E também gostei da foto nova.
:]
"repetia sempre os mesmos gestos e contava os próprios passos" =) esse texto é lindo ! amei o blog.
ResponderExcluir“Órfã?! Sou sim, só que de pais vivos”
ResponderExcluirQuantas crianças hoje em dia não são como ela?
só tenho uma palavra a dizer: real!
Vamos por partes:
ResponderExcluirValeu Jhones, volta sempre.
Ana, Obrigada! .. e realmente tem um quê da L. Meminger x)
Natália o meu muuuito Obrigada, espero continuar agradando ..
E Pâm, Ah, Pâm! Quantas não passam por isso, hein?!
Obrigada a todos vocês!