quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lágrimas


Elas chegam lentas, inofensivas.
Forçando córneas, dilatando pupilas.
Querendo provar a maciez do rosto.
Querendo forjar o amargo do gosto.
Rolando em silêncio.
Inundando sem disfarçar.
Corroendo sentimentos.
Lavando sem nunca extirpar.
Mas, de repente, elas se negam.
Não caem.
Não limpam.
Não libertam.
E tudo o que as mantinham vivas desaparece:
A trilha do olhos aos lábios.
O líquido que faz jorrar.
E as memórias falhas que se esquecem.
Elas se foram.
Não voltam mais.
Elas secaram.
Não voltam atrás.
Mas, de repente, uma delas surgiu.
Escorreu devagar.
Não sangrou.
Não curou.
Não durou.
Era apenas água.
Era apenas mágoa.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O sabor agridoce da nostalgia

Começa com carícias brandas e de leve seus dedos já estão contornando meus lábios. Como se os estivessem preparado para o beijo prometido. Sinto a respiração descompassada. O toque exigente. E depois de alguns suspiros arrancados abro os olhos e me perco em poucas letras, fórmulas e equações.
Sonhei com você novamente. Dessa vez, sobre um livro qualquer. Não posso negar, sinto sua falta. Uma falta diferente. Não dói. Não machuca. Mas falta.
Sinto o vento frio tocar minha pele e me imagino em seus braços, completamente aquecida. Invento lembranças. Reconstruo o real. Finjo que não fantasio. E fantasio. Secamente, engulo doces mentiras para suavizar o gosto amargo da saudade e do silêncio. Isso é autosabotagem, eu sei. Mas já não me assusta. Há mágoa demais para seguir em frente.
Ando calada. Perdida. Insone. Tenho sonhos negros. Alucinações desmedidas durante a noite. Um coquetel de prazer e sofrimento. Mas não se preocupe comigo. Ouvi dizer que a dor nos faz puros. Então não precisarei mentir quando sonhar com você outra vez: Sinto sua falta. Nada mudou. Ainda dói. Ainda machuca. E falta. Simplesmente falta.