quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sussurro


Todos os dias antes de dormir eu ouço fantasmas gritarem meu nome. Um monte deles, brigando pela minha atenção. E acho que, hoje, o seu foi o vencedor. Não tenho certeza, o breu do meu quarto escuro dificultava o entendimento e a distinção. O silêncio era total, mas eu podia jurar que ouvi um sussurro. É, uma voz rouca sussurrou ao meu ouvido. Um timbre incomum: doce e firme, sério e suave, amargurado por perguntas, ensanguentado de verdade.

Talvez não tenha sido nada, talvez nem tenha sido você.
Foram apenas sussurros, e sussurros são sempre iguais.

Foi aí então que senti aquele vapor quente ao ponto de estremecer, de arrepiar todos os pelos do corpo, de fazer respirar fundo, bem fundo. E só uma pessoa no mundo é capaz de provocar tudo isso com sussurros apenas. A mesma pessoa que me escrevia cartas, que me roubava beijos e que podia olhar nos meus olhos e enxergar minha alma. É, talvez eu não seja tão insensível como dizem.

As lágrimas vieram aos olhos e quando pisquei por um momento todas as imagens sumiram.

Mas lembrei de como os beijos, as cartas e os sussurros vibravam e ecoavam na quietude das minhas memórias e me perguntei se reverberações e ecos como aqueles chegam a morrer totalmente, se algum dia você verá o anel com suas iniciais gravadas ou se nossos beijos ainda possuem o encaixe perfeito dos lábios.

Eu sei, sou uma estúpida. Mas fazer o quê?

Lembranças machucam. As boas ainda mais.

Mais Selos

Primeiramente quero agradecer à Bia Ferreira pelo selo e devo confessar que não foi nada fácil conseguir postá-lo ( a página dava erro dizendo que eu não era autorizada, mas enfim .. Aqui ele está!)

Desculpem-me a ausência durante essas 2 semanas que se passaram. Estou aproveitando as últimas gotas de férias no Rio de Janeiro e desde então não tenho tido muito tempo para ler meus blogs favoritos e até mesmo postar alguns textos, mas devo dizer que estou num processo criativo impressionante, sinto a inspiração à flor da pele, várias ideias e muita disposição pra escrever. Agora é só unir tudo isso e converter em palavras, ou melhor em Cartas Mortas.
 Espero que gostem!

Ah, quase esquecendo de indicar o selo:

Aquilo que vem do escuro ( da minha tutora Pâm G.)

Bleeding Love; Sons do luaR; Busílis

O N Z E P A L A V R A S

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Metade Única

Éramos um só. E apenas isso bastava.

Não falávamos a mesma língua. Não conhecíamos um ao outro. Não éramos sequer parecidos. Mas continuávamos sendo um apenas.

Tínhamos os mesmos sonhos, os mesmos medos. Quando você sangrava, eu sangrava também. Quando o veneno escorria lento em suas veias, eu agonizava de dor. E enquanto as lágrimas secavam no deserto dos seus olhos, a areia cantava palavras imorais para mim.
Mas não há Oasis aqui.

Apagaram as luzes quando saíram e nos obrigaram a puxar o gatilho. Queimaram as páginas do nosso livro. Arrancaram nossos corações bem em frente aos nossos olhos. Os olhos enganam fácil, eles disseram.

Os flagelos foram os mesmos. As feridas sangraram da mesma forma. Os cortes ainda não cicatrizaram. Mas sobrevivemos assim por muito tempo.

Até que a cor de nossas peles se tornou um problema.

Selo

Bom, recebi um selo da minha querida Pâm, a primeira pessoa que deu um voto de confiança ao Cartas Mortas, e tenho a obrigação de reconhecer isso. Obrigada Pâm por tudo!
Então vamos ao selo. Como nunca cumpro essas regrinhas nem vou fazer questão de citá-las. O que me basta diz respeito ao porque desse blog.
Acho que nunca deixei isso muito claro, mas se deixei faço questão de certificar.
Ele foi criado como uma válvula de escape: São as sobras das cartas que escrevi, mas nunca mandei e os reflexos de noites insones. Foi criado para amenizar a dor que existia por conta das promessas não cumpridas.
 And who is gonna save you when I’m gone?
Acho que agora não importa mais, não faz diferença... 
Eu me salvei sozinha.

Ah, tem outra coisa também...
Eu deveria indicar uma quantidade muito grande de blogs, uns 15 no mínimo. 
Mas só vou mandar pra aqueles que mais frequento ou os que realmente merecem.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amor,

Eu quero teu beijo sabor amora,
Quero o cheiro de açaí da tua pele macia,
 E aquele sorrisinho alvo feito sob medida.
 Eu quero o encaixe dos teus braços,
Dos seus dedos entrelaçados, da sua respiração arfante.
Quero ver você rindo da minha câimbra nas pernas,
E tentando me convencer que seus erros gramaticais são, na verdade, axiomas.
Quero desbravar o mar de flores que existe no fundo dos seus olhos.
Nos campos de rosas, trevos e girassóis.
E antes que se possa esquecer, quero as estrelas que você me prometeu.
E em troca ofereço a lua em todas as suas fases.
Ofereço palavras, vozes, sons, frases sussurradas ao pé do ouvido.
Todos os meus dias de chuva com a neve caindo na janela serão seus.
E os segundos serão horas,
Os minutos, anos.
Até os anjos chorarão quando nossas estrelas colidirem.
Mas e se forem promessas inexatas?
Até quando vão durar?
Não importa, eu sei e sinto,
Independente do quanto ou quando,
Sem data de fabricação ou prazo de validade.